sábado, 21 de dezembro de 2013

O que sou

Esforço-me por atingir objectivos mas sou falível,
Interesso-me pelas causas mas disperso-me nos problemas,
Tenho a paciência de um monge mas a fúria de um guerreiro,
Sou tudo aquilo que alcanço mas nunca aquilo que quero.



sábado, 14 de dezembro de 2013

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A candidatura da Dieta Mediterrânica a Património Imaterial da Humanidade


(© TopClinical)

O Comité Intergovernamental da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Nairobi, reconheceu, em Novembro de 2010, a importância da Dieta Mediterrânica.

Na referida reunião do Comité Intergovernamental da UNESCO, o Senhor Embaixador de Portugal junto da UNESCO manifestou a vontade de Portugal em integrar a candidatura da Dieta Mediterrânica a Património Imaterial da Humanidade, então aprovada para Espanha, Grécia, Itália e Marrocos, garantindo a salvaguarda deste património comum.

Logo desde o início do mandato que a Senhora Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território considerou de grande importância o reconhecimento da dieta mediterrânica pela UNESCO. Foi nesse momento que fui envolvido no processo como representante do Gabinete.

Neste sentido, logo em Outubro de 2011 voltámos a reunir a comissão de acompanhamento da candidatura, liderada pelo Ministério, que nomeou representantes das várias entidades envolvidas na candidatura portuguesa: Movimento Mulheres de Vermelho, a Fundação Portuguesa de Cardiologia, a Câmara de Tavira e, também, os Ministérios da Saúde, da Economia, dos Negócios Estrangeiros e da Cultura.

Quando, no início de 2012, surgiu a oportunidade de desempenhar novas funções, a Senhora Ministra pediu-me que garantisse a entrega atempada da candidadura junto da UNESCO antes da mudança.

Foi, nesse sentido, que me mantive em funções até ao fim do processo em que estive envolvido e que culminou no envio da candidatura, através da mala diplomática, no dia 27 de Março de 2012.

Daí que é com especial prazer e orgulho que transcrevo a mensagem do Senhor Embaixador de Portugal junto da UNESCO, que deu entrada na Comissão Nacional da UNESCO no dia 4 de Abril de 2012:

Em nome dos sete países envolvidos, esta Delegação Permanente entregou sexta-feira passada, 30 de Março findo, o dossier da candidatura da Dieta Mediterrânica na secção do Património Imaterial da UNESCO. (…)

Neste momento, apraz-me manifestar o meu reconhecimento pela grande dedicação e sólido profissionalismo demonstrado pelos funcionários que em Portugal participaram neste exercício, em particular o Dr. Jorge Queiroz da Câmara Municipal de Tavira, o Eng.º Vítor Barros e o Dr. Gabriel Barros do MAMAOT e a Dr.ª Clara Cabral da Comissão Nacional da UNESCO.

Independentemente de acertos pontuais e da junção de documentos que habitualmente este Secretariado solicita praticamente até ao final do processo, sem a entrega das pessoas citadas à elaboração desta candidatura e a perfeita coordenação de esforços revelada, não teria sido possível, num tão curto espaço de tempo, adequadamente preparar o conjunto de documentação e suportes mediáticos necessários, pelo que muito agradeceria que este reconhecimento lhes fosse transmitido (…).

Seixas da Costa


Quase dois anos passados, o trabalho desenvolvido por todos os que participaram na preparação da candidatura deu, finalmente, bons frutos!



(Representative List of the Intangible Cultural Heritage of Humanity - Mediterranean diet)


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Malmequer (Fernando Pessoa)



"Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar..."

(Alberto Caeiro, "O Guardador de Rebanhos - Poema II")

domingo, 2 de junho de 2013

Lisboa (com poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen)


(© Gabriel Osório de Barros) 



Digo:
"Lisboa"
Quando atravesso - vinda do sul - o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do meu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas -
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo se mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver

Sophia de Mello Breyner Andresen, "Obra Poética III, Caminho, p.247


domingo, 19 de maio de 2013

Cada um é um mundo - Fernando Pessoa


Cada um é um mundo; e como em cada fonte
Uma deidade vela, em cada homem
Porque não há de haver
Um deus só de ele homem?

Na encoberta sucessão das cousas,
Só o sábio sente, que não foi mais nada
Que a vida que deixou.



s.d.
Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994. - 184.



A Wise Man On The Street, Valerie Rosen


420º aniversário do nascimento do pintor Jacob Jordaens


Feestmaal van Cleopatra (O banquete de Cleópatra),
Jacob Jordaens, 1653

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Porque esqueci quem fui quando criança?


Fernando Pessoa (1898)


Porque esqueci quem fui quando criança?Porque deslembra quem então era eu?
Porque não há nenhuma semelhança
Entre quem sou e fui?
A criança que fui vive ou morreu?
Sou outro? Veio um outro em mim viver?
A vida, que em mim flui, em que é que flui?
Houve em mim várias almas sucessivas
Ou sou um só inconsciente ser?


1932
Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990). - 102.


segunda-feira, 13 de maio de 2013

Artigo sobre se "as mulheres devem fazer parte do jury nos tribunais" (13 de Maio de 1929)


O último parágrafo deste artigo com 84 anos é "delicioso": "Aqui está, em resume, o principal das opiniões até agora colhidas. A conclusão é contrária a que as mulheres façam parte do jury - conclusão que me parece razoável, segundo o meu ponto de vista. Tudo o que afaste a mulher da família me parece prejudicial para uma sociedade bem organizada e para a própria mulher. Evidentemente, há as excepções, mas as excepções confirmam a regra." [Introduzidas pequenas correcções ao texto]

(Diário de Lisboa, 13 de Maio de 1929)

Crux in lucem