segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

L'Homme et la mer (O Homem e o Mar)

(© Gabriel Osório de Barros)

Homme libre, toujours tu chériras la mer!
La mer est ton miroir; tu contemples ton âme
Dans le déroulement infini de sa lame,
Et ton esprit n'est pas un gouffre moins amer.

Tu te plais à plonger au sein de ton image;
Tu l'embrasses des yeux et des bras, et ton coeur
Se distrait quelquefois de sa propre rumeur
Au bruit de cette plainte indomptable et sauvage.

Vous êtes tous les deux ténébreux et discrets:
Homme, nul n'a sondé le fond de tes abîmes;
Ô mer, nul ne connaît tes richesses intimes,
Tant vous êtes jaloux de garder vos secrets!

Et cependant voilà des siècles innombrables
Que vous vous combattez sans pitié ni remords,
Tellement vous aimez le carnage et la mort,
Ô lutteurs éternels, ô frères implacables!

Charles Baudelaire, Fleurs du mal


1 comentário:

  1. Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
    Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
    Como em puro cristal, contemplas, retratado,
    Teu íntimo sentir, teu coração ardente.

    Gostas de te banhar na tua própria imagem.
    Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
    Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
    As queixas que ele diz em mística linguagem.

    Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
    Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
    Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
    Os segredos guardais, avaros, receosos!

    E há séculos mil, séc'ulos inumeráveis,
    Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem,
    De tal modo gostais n'uma luta selvagem,
    Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!

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