segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

2013!


No dia 31 de Dezembro de 1995 foi publicada a última tira do Calvin e Hobbes. No entanto, esta é uma tira cheia de optimismo. E é disso mesmo que precisamos! Votos de um EXCELENTE ANO 2013 para todos!


domingo, 30 de dezembro de 2012

147.º Aniversário do Nascimento de Rudyard Kipling



If you can keep your head when all about you 
Are losing theirs and blaming it on you;
If you can trust yourself when all men doubt you,
But make allowance for their doubting too;
If you can wait and not be tired by waiting,
Or, being lied about, don't deal in lies,
Or, being hated, don't give way to hating,

And yet don't look too good, nor talk too wise;
If you can dream - and not make dreams your master;
If you can think - and not make thoughts your aim;
If you can meet with triumph and disaster
And treat those two imposters just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to broken,
And stoop and build 'em up with wornout tools;

If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breath a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on";

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings - nor lose the common touch;
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much;
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run -
Yours is the Earth and everything that's in it,
And - which is more - you'll be a Man my son!

Rudyard Kipling - Prémio Nóbel da Literatura (1865-1936)


domingo, 23 de dezembro de 2012

25 anos depois


@ almoço com os colegas da 4.ª classe (desculpem os que já não lhe chamam assim)... Foi há 25 anos!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

120.º Aniversário de "O Quebra Nozes"

O Quebra-Nozes é um dos três baletts que Tchaikovsky compôs. Foi estreado em 17 de Dezembro de 1892 no Teatro Mariinsky, em São Petersburgo, então a capital da Rússia imperial.


domingo, 16 de dezembro de 2012

Aos homens tu produzes palidezes

(© Gabriel Osório de Barros)

"Aos homens tu produzes palidezes

Da sensação não tristes sempre, a alguns
Um mais acentuado sentimento
De tristeza; mas em mim, ah tarde! trazes,
Em mim m'acordas e m'intensificas
Meu desolado e vago natural.
Qu'importa? Tudo é o mesmo. A mim, quer seja
Manhã inda d'orvalho arrepiada,
Dia, ligeiro em sol, pesado em nuvens
Ou tarde (...)
Ou noite misteriosa e (...)
Tudo, se nele penso, só me amarga
E me angustia.

Tenho no sangue o enigma do universo
E o seu pavor que outros não conhecem
E alguns talvez, mas não profundamente.
Só a mim me foi dado sentir sempre.
E se às vezes pareço indiferente
E em mim mesmo calmo, é apenas
O excesso da dor e do horror
Cuja constante (...) me dói."


Fernando Pessoa, Fausto - Tragédia Subjectiva

Unbreakable


"You can do everything you want
It doesn't matter how hard it is
You can do it, you can do it

So please don't mind, close your eyes
Take a trip outside your head
You can give me more

Swim against the stream
Following your wildest dream, your wildest dream"


SinPlus - Unbreakable

Torre de Névoa

(© Gabriel Osório de Barros)

Subi ao alto, à minha Torre esguia,
Feita de fumo, névoas e luar,
E pus-me, comovida, a conversar
Com os poetas mortos, todo o dia.

Contei-lhes os meus sonhos, a alegria
Dos versos que são meus, do meu sonhar,
E todos os poetas, a chorar,
Responderam-me então: “Que fantasia,

Criança doida e crente! Nós também
Tivemos ilusões, como ninguém,
E tudo nos fugiu, tudo morreu! ...”

Calaram-se os poetas, tristemente ...
E é desde então que eu choro amargamente
Na minha Torre esguia junto ao céu! ...

Florbela Espanca, "Livro de Mágoas"

Companhia de Circo Victor Hugo Cardinali - Globo da Morte


domingo, 9 de dezembro de 2012

Sorte Grande



Olha lá
Já se passaram alguns anos
Nem sequer vinhas nos meus planos
Saíste-me a sorte grande

E eu cá vou

Usando os louros deste achado
Contigo de braço dado
Para todo o lado

Eu vou até morrer
Ser teu se me quiseres

Agarrado a ti
Vou sem hesitar
E se o chão desabar
Que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti

Meu amor
A roda da lotaria
Que é coisa escorregadia
Saíste-me a sorte grande

E eu cá vou
À minha sorte abandonado
Contigo de braço dado
Para todo o lado

Eu vou até morrer
Ser teu se me quiseres

Agarrado a ti
Vou sem hesitar
E se o chão desabar
Que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti

Vou sem hesitar
E se o chão desabar
Que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti
Vou agarrado a ti
Vou agarrado a ti


(João Só e Abandonados com Lúcia Moniz)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

L'Homme et la mer (O Homem e o Mar)

(© Gabriel Osório de Barros)

Homme libre, toujours tu chériras la mer!
La mer est ton miroir; tu contemples ton âme
Dans le déroulement infini de sa lame,
Et ton esprit n'est pas un gouffre moins amer.

Tu te plais à plonger au sein de ton image;
Tu l'embrasses des yeux et des bras, et ton coeur
Se distrait quelquefois de sa propre rumeur
Au bruit de cette plainte indomptable et sauvage.

Vous êtes tous les deux ténébreux et discrets:
Homme, nul n'a sondé le fond de tes abîmes;
Ô mer, nul ne connaît tes richesses intimes,
Tant vous êtes jaloux de garder vos secrets!

Et cependant voilà des siècles innombrables
Que vous vous combattez sans pitié ni remords,
Tellement vous aimez le carnage et la mort,
Ô lutteurs éternels, ô frères implacables!

Charles Baudelaire, Fleurs du mal


Portefólio Fotográfico


http://www.slideshare.net/gcobarros/portfolio-presentation

domingo, 2 de dezembro de 2012

Se tanto me dói que as coisas passem...

(© Gabriel Osório de Barros)

"Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem"

Sophia de Mello Breyner Andresen

Les Fenêtres

(Yekini - Olhares)


"Celui qui regarde du dehors à travers une fenêtre ouverte, ne voit jamais autant de choses que celui qui regarde une fenêtre fermée. Il n'est pas d'objet plus profond, plus mystérieux, plus fécond, plus ténébreux, plus éblouissant qu'une fenêtre éclairée d'une chandelle. Ce qu'on peut voir au soleil est toujours moins intéressant que ce qui se passe derrière une vitre. Dans ce trou noir ou lumineux vit la vie, rêve la vie, souffre la vie.

Par delà des vagues de toits, j'aperçois une femme mûre, ridée déjà, pauvre, toujours penchée sur quelque chose, et qui ne sort jamais. Avec son visage, avec son vêtement, avec son geste, avec presque rien, j'ai refait l'histoire de cette femme, ou plutôt sa légende, et quelquefois je me la raconte à moi-même en pleurant.

Si c'eût été un pauvre vieil homme, j'aurais refait la sienne tout aussi aisément.

Et je me couche, fier d'avoir vécu et souffert dans d'autres que moi-même.

Peut-être me direz-vous: «Es-tu sûr que cette légende soit la vraie?» Qu'importe ce que peut être la réalité placée hors de moi, si elle m'a aidé à vivre, à sentir que je suis et ce que suis?"


Charles Baudelaire, Le Spleen de Paris

sábado, 1 de dezembro de 2012

Hino da Restauração




Restauração da Independência

(© Gabriel Osório de Barros)

Sobre o feriado do dia 1 de Dezembro, dia da Restauração da Independência:

«Portugal, avivando e celebrando com mais solemnidade o anniversario da reconquista da sua Independencia em 1640, nem pretende ferir o pundonor da briosa nação hespanhola, nossa amiga e alliada, nem resuscitar os odios que outr'ora inimisaram os dois povos convisinhos.
Não quer repta-la. Não leva a mão á espada. Unicamente aponta para o seu direito, e diz á Europa que está decidido a defende-lo.»

Manifesto dos Quarenta, 1861

A Lizard of the Petrified Forest

(© Gabriel Osório de Barros)

Upon an age-worn, upright stone
Of gems that once had been a part
Of some great tree's rejoicing heart
A Lizard, motionless and lone,
A glowing, living emerald shone
Of such encrusted, radiant sheen,
He reigned the monarch of the scene--
A creature nature's hand had done
When wrought the earth, and air, and sun,
In most harmonious unison.
He viewed us, as we passed him by,
With calm and yet with questioning eye,
But moveless still, as though the stone
Were portion of his being's own,
And voiceless as the forest is,
Whose jewelled ruins all are his.
The desert seemed to hold him there
As one of her supremest fair,
As one to whom our souls should owe
The best that beauty's love can know,
And with her prideful voice to say,
"See how I gem my breast of gray!"

Edward Robeson Taylor (1838-1923)


terça-feira, 27 de novembro de 2012

Dinner 41 (Nicole Eitner)

© Nicole Eitner

Dinner is served
Dinner at home
Dinner for one

My face in my glass of red wine
keeps staring at me continuously
Yes, I’m feeling just fine.
Am I feeling fine?

Is this my place
with my name on it?
is this my place?

I tried to change my seat
move it into a different light, a different sight
my lifestyle, through alternative eyes

So then I assume and I behave
with every single little bite
like if someone were here tonight
oh if only someone were here tonight

Is this my place
with my name on it
Is this my place?

My home
my self made home
home

Dinner is served
Dinner at home
Dinner for one


“A Partida”

(© Gabriel Osório de Barros)

E quando o leito estiver quase ao pé do tecto
E eu olhando para trás, por esta vigia — o quarto todo com os seus armários,
E sentindo na alma o movimento da hélice do navio,
Verei já tudo ao longe e diferente e frio...
As minhas sensações numa cidade amontoada distante
E ao fundo, por detrás delas, o universo inteiro, ponte que finda...

Fernando Pessoa (Álvaro de Campos - Livro de Versos)

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Muitas são as tribulações dos justos...

(© Gabriel Osório de Barros)

Pormenor de painel de azulejos no Museu do Azulejo com a inscrição de parte do seguinte Salmo: Psalmum 33.20 - "multae tribulationes iustorum et de omnibus his liberavit eos".

domingo, 25 de novembro de 2012

World On Fire


(Sarah McLachlan - World On Fire)

Running (Sarah Brightman)


"I was sad and I was silent
In shadow of my soul
Ever seeking the horizon
For promises untold."

(Brightman, Hirschburger, Peterson)


Destruição


(© Gabriel Osório de Barros)

Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.

Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.

Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.

E eles quedam mordidos para sempre.
deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.

Carlos Drummond de Andrade

A Poesia não se Inventou para Cantar o Amor

Faz hoje 167 anos que nasceu Eça de Queiroz.


"A poesia não se inventou para cantar o amor — que de resto não existia ainda quando os primeiros homens cantaram. Ela nasceu com a necessidade de celebrar magnificamente os deuses, e de conservar na memória, pela sedução do ritmo, as leis da tribo. A adoração ou captação da divindade e a estabilidade social, eram então os dois altos e únicos cuidados humanos: — e a poesia tendeu sempre, e tenderá constantemente a resumir, nos conceitos mais puros, mais belos e mais concisos, as ideias que estão interessando e conduzindo os homens. Se a grande preocupação do nosso tempo fosse o amor — ainda admitiríamos que se arquivasse, por meio das artes da imprensa, cada suspiro de cada Francesca. Mas o amor é um sentimento extremamente raro entre as raças velhas e enfraquecidas. Os Romeus, as Julietas (para citar só este casal clássico) já não se repetem nem são quase possíveis nas nossas democracias, saturadas de cultura, torturadas pela ansia do bem-estar, cépticas, portanto egoístas, e movidas pelo vapor e pela electricidade. Mesmo nos crimes de amor, em que parece reviver, com a sua força primitiva e dominante, a paixão das raças novas, se descobrem logo factores lamentavelmente alheios ao amor, sendo os dois principais aqueles que mais caracterizam o nosso tempo: o interesse e a vaidade. Nestas condições, o amor que voltou a ser, como na Grécia, um Cupido pequenino e brincalhão, que esvoaça, surripiando aqui e além um prazer fugitivo — é removido para entre os cuidados subalternos do homem, muito para baixo do dinheiro, muito para baixo da política... É uma ocupação, sem malícia o digo, que se deixa para quando acabar o dia verdadeiro e útil, e com ele os negócios, as ideias, os interesses que prendem. «Já não há hoje nada de produtivo a fazer? Já não há nada de sério em que pensar?... Bem! Então, um pouco de perfume nas mãos, e abra-se a porta ao amor que espera!» A isto está reduzida a Vénus fatal e vencedora!
Ora quando uma arte teima em exprimir unicamente um sentimento que se tornou secundário nas preocupações do homem — ela própria se torna secundária, pouco atendida e perde a pouco e pouco a simpatia das inteligências. Por isso hoje, tão tenazmente, os editores se recusam a editar, e os leitores se recusam a ler, versos em que só se cante de amor e de rosas. E o artista que não quer ser uma voz clamando no deserto e um papel apodrecendo no armazém, começa a evitar o amor como tema essencial da sua obra."

Eça de Queirós, in A Correspondência de Fradique Mendes

O lobo e a cegonha

(© Gabriel Osório de Barros)

Um lobo devorou a sua caça tão depressa, com tanto apetite, que acabou por ficar com um osso entalado na garganta. Cheio de dor, o lobo começou a correr de um lado para outro, soltando uivos, e ofereceu uma bela recompensa para quem tirasse o osso da sua garganta. Com pena do lobo e com vontade de ganhar a recompensa, uma cegonha resolveu enfrentar o perigo. Depois de tirar o osso, quis saber onde estava a recompensa que o lobo tinha prometido.
- Recompensa? – berrou o lobo. – Mas que cegonha pedinchona! Qual recompensa, qual quê! Enfiaste a cabeça na minha boca e em vez de arrancar tua cabeça com uma dentada deixei que tirasses de lá de dentro o osso sem um arranhãozinho. Não achas que tens muita sorte, bicho insolente!

Moral: Não espere gratidão ao mostrar caridade para com um inimigo.

(Baseado nas "Fábulas de La Fontaine")

sábado, 24 de novembro de 2012

Shenandoah


O Shenandoah, I love your daughter
Away, you rolling river
O Shenandoah, I love your daughter
Away I'm bound to go 'cross the wide Missouri

O Shenandoah, I long to hear you
Away, you rolling river
O Shenandoah, I long to hear you
Away I'm bound to go 'cross the wide Missouri

O Shenandoah, I long to see you
Away, you rolling river
O Shenandoah, I long to see you
Away I'm bound to go 'cross the wide Missouri


Sissel, Shenandoah (Traditional / Arrangement: Kalle Moreaus / Paddy Maloney)

Frutos

(© Gabriel Osório de Barros)

"Pêssegos, pêras, laranjas,
morangos, cerejas, figos,
maçãs, melão, melancia,
ó música de meus sentidos,
pura delícia da língua;
deixai-me agora falar
do fruto que me fascina,
pelo sabor, pela cor, 
pelo aroma das sílabas:
tangerina, tangerina."

(Eugénio de Andrade)

Skyfall

 (Evan Duffy Piano Cover)

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Dia de Santa Cecília, Dia dos Músicos


Muito embora o Breviarium Romanum não faça menção alguma às qualidades musicais de Santa Cecília, ela tornou-se, por tradição, a padroeira dos músicos, da música e do canto, cuja data se comemora no dia 22 de Novembro, o mesmo dia dedicado à Santa. A tradição conta que Santa Cecília cantava com tal doçura que um anjo desceu do céu para ouvi-la.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Cântico Negro


(© Gabriel Osório de Barros)

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Liev Tolstói

Faz hoje 102 anos que morreu o escritor russo Liev Tolstói.


"Para que os homens possam viver a vida comum sem oprimir-se mutuamente, não necessitam das instituições sustentadas pela força, mas sim de um estado moral dos homens, no qual, por convicção interior, e não por força, procedam com os outros como querem que os outros procedam com eles"

Liev Tolstói, in A insubmissão e outros escritos

Declaração Universal dos Direitos da Criança



Há 53 anos, no dia 20 de Novembro de 1959, foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU, por unanimidade, a Declaração Universal dos Direitos da Criança.
  • Princípio I - À igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.
  • Princípio II - Direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social.
  • Princípio III - Direito a um nome e a uma nacionalidade.
  • Princípio IV - Direito à alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a criança e a mãe.
  • Princípio V - Direito à educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente.
  • Princípio VI - Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.
  • Princípio VII - Direito á educação gratuita e ao lazer infantil.
  • Princípio VIII - Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes.
  • Princípio IX - Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho.
  • Princípio X - Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Flor de Ventura

(© Gabriel Osório de Barros)

A flor de ventura
Que amor me entregou,
Tão bela e tão pura
Jamais a criou:

Não brota na selva
De inculto vigor,
Não cresce entre a relva
De virgem frescor;

Jardins de cultura
Não pode habitar
A flor de ventura
Que amor me quis dar.

Semente é divina
Que veio dos Céus;
Só n’alma germina
Ao sopro de Deus.

Tão alva e mimosa
Não há outra flor;
Uns longes de rosa
Lhe avivam a cor;

E o aroma... Ai!, delírio
Suave e sem fim!
É a rosa, é o lírio,
É o nardo, o jasmim;

É um filtro que apura,
Que exalta o viver,
E em doce tortura
Faz de ânsias morrer.

Ai!, morrer... que sorte
Bendita de amor!
Que me leve a morte
Beijando-te, flor.

Almeida Garrett, in "Folhas Caídas"


domingo, 18 de novembro de 2012

Santiago de Compostela

(© Gabriel Osório de Barros)

"É a fé dos peregrinos que vinham e continuam a vir aqui de toda a Europa e de mais além das suas fronteiras. A fé das gerações passadas que "ontem" vieram a Compostela, e a da geração actual que continua a vir também "hoje". Com esta fé se constrói a Igreja, una, santa, católica e apostólica."

Homilia do Papa João Paulo II, Santiago de Compostela, 9 de Novembro de 1982


Ponte

(© Gabriel Osório de Barros)

"1. ARQUITETURA construção sólida em betão, aço ou madeira, destinada a estabelecer comunicação entre dois pontos separados por um curso de água ou por uma depressão de terreno (...)"

Porto Editora - Dicionário da Língua Portuguesa


A gárgola

(© Gabriel Osório de Barros)

"Il se demanda, il chercha à deviner quelle pouvait être l’âme en peine qui n’avait pas voulu quitter ce monde sans laisser ce stigmate de crime ou de malheur au front de la vieille église."

Victor Hugo, Notre-Dame de Paris (Préface, Février 1831)


Les jours...

(© Gabriel Osório de Barros)

"Les jours sont peut-être égaux pour une horloge, mais pas pour un homme."


Marcel Proust, Chroniques, Vacances de Pâques, Le Figaro du 25 mars 1913

Marta's Song


"Marta's Song is about a girl, who cries that she has a big sorrow, which is that three units of red ribbon do not fit her. The Csángó people used (and somewhere still use) a long ribbon as a belt, which was whipped round them three times (one round whipping was called "mérő", which also means unit os measure). The girls used a red ribbon. So what happens if someone can't whip round her three times? She does not fit her belt anymore, because... there is something wrong with her."

Helena Kupert


No EP de apresentação do seu álbum de estreia intitulado “Equilíbrio”, produzido por Rosane Bakenstein e Rui Fingers, Helena Kupert interpreta o tema “O Amor Vem para Cada Um”, uma versão de George Harrison com adaptação de Zizi Possi.

Helena Kupert neste projecto a solo, alia o seu timbre quente e envolvente às influências da Pop Portuguesa e da Pop Brasileira.


Aquarela - Toquinho


Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul

Vou com ela viajando Havai, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando,
é tanto céu e mar num beijo azul

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo
e se a gente quiser ele vai pousar

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo

Um menino caminha e caminhando chega no muro
e ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar

Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida,
depois convida a rir ou chorar

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
de uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá)
e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá)
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (e descolorirá)


sábado, 17 de novembro de 2012

Os Vendilhões do Templo

(© Gabriel Osório de Barros)

Deus disse: faz todo o bem
Neste mundo, e, se puderes,
Acode a toda a desgraça
E não faças a ninguém
Aquilo que tu não queres
Que, por mal, alguém te faça.

Fazer bem não é só dar
Pão aos que dele carecem
E à caridade o imploram,
É também aliviar
As mágoas dos que padecem,
Dos que sofrem, dos que choram.

E o mundo só pode ser
Menos mau, menos atroz,
Se conseguirmos fazer
Mais p'los outros que por nós.

Quem desmente, por exemplo,
Tudo o que Cristo ensinou.
São os vendilhões do templo
Que do templo ele expulsou.

E o povo nada conhece...
Obedece ao seu vigário,
Porque julga que obedece
A Cristo — o bom doutrinário.

António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."


Água!

(© Gabriel Osório de Barros)

Tu não tens gosto, nem cor nem aroma.
Não podemos definir-te,
Saboreamos-te sem te conhecermos.
Tu não és necessária à vida: tu és a própria vida!
Tu penetra-nos dum prazer
Que não se explica pelos sentidos.
Contigo reentram em nós os poderes
Aos quais tínhamos renunciado…
Por tua graça,
Abrem –se em nós todas as fontes corrompidas do nosso coração
Tu és a maior riqueza que existe no mundo,
E és também a mais delicada,
Tu, tão pura no ventre da terra.
Pode-se morrer a dois passos dum lago de água salgada.
Pode-se morrer de dois litros de orvalho que alguns sais retêm em suspensão.
Tu não aceitas mistura alguma,
Tu não suportas alteração alguma,
Tu és uma desconfiada divindade…
Mas tu espalhas em nós
Uma felicidade infinitamente simples.

(Antoine de Saint-Exupéry, in Terra dos Homens)


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Caminante

(© Gabriel Osório de Barros)

Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.


Antonio Machado, in Campos de Castilla (1912) - "Proverbios y cantares XXIX"

Para Além da Curva da Estrada

(© Gabriel Osório de Barros)

Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço,e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá,quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva,e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.


(Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Barca bela

(© Gabriel Osório de Barros)

Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela,
Que é tão bela,
Ó pescador?

Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Ó pescador!

Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Ó pescador!

Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela
Só de vê-la,
Ó pescador!

Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela,
Foge dela,
Ó pescador!


(Almeida Garrett, In Folhas Caídas)

A Lanterna

(© Gabriel Osório de Barros)

O sabio antigo andou pelas ruas d'Athenas,
Com a lanterna accesa, errante, à luz do dia,
Buscando o varão forte e justo da Utopia,
Privado de paixões e d'emoções terrenas.

Eu tambem que aborreço as cousas vãs, pequenas
E que mais alto puz a sã Philosophia,
Ha muito busco em vão--ha muito, quem diria!
O mais cruel ideal das concepções serenas.

Tenho buscado em balde, e em vão por todo o mundo;
Esconde-se o ideal no sitio mais profundo,
No mar, no inferno, em tudo, aonde existe a dôr!...

De sorte que hoje emfim, descrente, resignado,
Concentrei-me em mim só, n'um tedio indignado,
E apaguei a lanterna - É só um sonho o Amor!

(António Gomes Leal, in 'Claridades do Sul')


Gioachino Antonio Rossini (1792-1868)

Hoje faz "uma grosa" de anos que morreu Gioachino Antonio Rossini e nada como este divertido dueto - Duetto buffo di due gatti - para recordar esse grande compositor de obras como Il barbiere di Siviglia ("O Barbeiro de Sevilha"), La Cenerentola ("A Cinderela") e Guillaume Tell ("Guilherme Tell").


Pobres das Flores dos Canteiros


(© Gabriel Osório de Barros)

Pobres das flores dos canteiros dos jardins regulares.
Parecem ter medo da polícia...
Mas tão boas que florescem do mesmo modo
E têm o mesmo sorriso antigo
Que tiveram para o primeiro olhar do primeiro homem
Que as viu aparecidas e lhes tocou levemente
Para ver se elas falavam...


(Fernando Pessoa - Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXXIII")

Estátua


(© Gabriel Osório de Barros)

Cansei-me de tentar o teu segredo: 
No teu olhar sem cor, de frio escalpelo, 
O meu olhar quebrei, a debatê-lo, 
Como a onda na crista dum rochedo.

Segredo dessa alma e meu degredo 
E minha obsessão! Para bebê-lo 
Fui teu lábio oscular, num pesadelo, 
Por noites de pavor, cheio de medo.

E o meu ósculo ardente, alucinado, 
Esfriou sobre o mármore correto 
Desse entreaberto lábio gelado...

Desse lábio de mármore, discreto, 
Severo como um túmulo fechado, 
Sereno como um pélago quieto.

(Camilo Pessanha, in 'Clepsidra')

A tartaruga

(© Gabriel Osório de Barros)

A tartaruga que
andou
tanto tempo
e tanto viu
com
seus
antigos
olhos,
a tartaruga
que comeu
azeitonas
do mais profundo
mar,
a tartaruga que nadou
sete séculos
e conheceu
sete
mil
primaveras,
a tartaruga
blindada
contra
o calor
e o frio,
contra
os raios e as ondas,
a tartaruga
amarela
e prateada
com severos
lunares
ambarinos
e pés de rapina,
a tartaruga
ficou
aqui
dormindo
e não sabe

De tão velha
se foi
pondo dura,
deixou
de amar as ondas
e foi rígida
como o ferro de passar
Fechou
os olhos que
tanto
mar, céu, tempo e terra
desafiaram,
e dormiu
entre as outras
pedras.

(Pablo Neruda)

domingo, 11 de novembro de 2012

O Sorriso




De (e por) Eugénio de Andrade

Love

"Love, love accursed torture why did you not blossom on every treetop? On the top of every tree, on the leafs of the walnut tree, so that every maiden and young man would have plucked you. Because I plucked it too and I let it slip away. I plucked it too and I let it slip away. O, I would pluck one again if I found a good one, if I found a good one, a beautiful one, my old lover. And for my old lover what wouldn't I do? I would skim the water from the sea with a spoon. From the bottom of the sea I would gather small pearls and for my old lover I would braid a wreath of pearls."


Dia de São Martinho

Hoje é o Dia de São Martinho. É tradicionalmente o dia em que as adegas são abertas e se prova o vinho novo e em que se comem castanhas assadas.